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Imortalizado na obra de Altino Caixeta, rio Paranaíba sofre com seca prolongada e escassez de água em alguns pontos impressiona

O rio nasce na serra da Mata da Corda, no município de Rio Paranaíba, a cerca de 100 km de Patos de Minas

Por: Gustavo Rubim

Fonte: Luís César/ Portal Minas Gerais

Publicado em: 15:19 02-08-2024

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Luís César
O rio Paranaíba foi imortalizado no poema "Ternuras do Paranahyba", do poeta patense Altino Caixeta (1916-1996). O Leão de Formosa, como era conhecido e se autodenominava, escreveu:

O rio Paranahyba visto de cima
quando corre por baixo do Córrego-Rico
tem a voz das ovelhas ariscas
que minha mãe pastoreava quando menina.

O rio Paranahyba
é igual a nós
em baixo e em riba
na fonte e na foz.

O rio Paranahyba, visto de baixo,
“impetuoso deus castanho”
nas cascatas quando cai:
tem a voz dos rebanhos
dos currais de meu pai.

O rio Paranahyba, um rio triste,
ensinou-me que o tempo não existe.
(Cidadela da Rosa, p. 235)

O rio nasce na serra da Mata da Corda, no município de Rio Paranaíba, a cerca de 100 km de Patos de Minas. Após percorrer 1.170 quilômetros, junta-se com o rio Grande, formando, então, o rio Paraná.

A bacia do Paranaíba drena uma área com cerca de 220 mil quilômetros quadrados, com quase 8,5 milhões de habitantes em 196 municípios, além do Distrito Federal, incluindo cinco no Mato Grosso do Sul, 55 em Minas Gerais e 136 em Goiás, onde é a principal bacia em área e ocupação humana.

Neste período, o rio Paranaíba está passando por uma das mais graves crises hídricas da história, segundo o ambientalista Ivanildo Zika. A seca prolongada tem causado uma drástica redução do nível d’água. O leito assoreado ainda revela sujeira e degradação do meio ambiente.

Elton Lopes é pescador há mais de 30 anos e sempre acompanha o processo de cheia e seca do rio Paranaíba, e, neste momento, em que não há chuva prevista para Patos de Minas, o cenário é de preocupação e tristeza. A estimativa do pescador é que o Paranaíba esteja a cerca de um metro abaixo do nível normal.

A imagem do rio Paranaíba com um volume tão reduzido de água choca e alerta para a necessidade de adoção de outras medidas para preservar o que ainda resta, aponta Ivanildo Zika. Mesmo com toda a degradação, o rio ainda é morada de muitas espécies e o principal afluente de captação de água em Patos de Minas.

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